Aplicando Scrum em projetos fechados

Devido à forte influência da metodologia ágil nas empresas de desenvolvimento de software do mercado atual, é quase impossível não se deparar com o Scrum como uma importante referência. O framework traz uma visão simples e entendível até mesmo para leigos do processo de desenvolvimento, mas para quem já se aventurou em aplicar na prática, sabe que não é tão simples assim.

Um grande dificultador tem sido a forma na qual os projetos são contratados, muitas vezes fechando um escopo e orçamento e “engessando” a equipe para mudanças importantes que possam ser percebidas no decorrer do projeto.

Aí vem a dúvida: se o Scrum se baseia em um modelo evolutivo, no qual aos poucos é possível mudar e adaptar o produto para algo mais aderente ao negócio, como fazer isso em um projeto de orçamento e escopo fechado?

Scrum
(Imagem retirada do site https://www.elirodrigues.com/2016/06/08/os-pilares-do-scrum/)

O framework traz pontos pertinentes para o mundo do desenvolvimento de software e mesmo que em um primeiro momento não seja possível ter um escopo flexível, é possível mudar a cabeça da equipe para um pensamento ágil.
Listamos abaixo alguns pontos que podem ser trabalhados neste cenário:

Aplicando o Scrum em escopos de trabalho fechados

Defina papéis: quando cada membro da equipe entende seu papel naturalmente ficam mais produtivos, evitando-se discussões sobre responsabilidade e tornando a cobrança mutua mais natural e colaborativa.

No Scrum temos resumidamente:

  • Product Owner: decide quais recursos e funcionalidades serão construídos e qual será a ordem de produção;
  • Scrum Master: Responsável por ajudar a todos os envolvidos a entender e abraçar os valores, princípios e práticas do Scrum;
  • Time Scrum: Determina a melhor maneira de realizar o trabalho para atingir a meta estabelecida pelo Product Owner;

Teste os ritos do Scrum: Planning, Daily, Retrospectiva, Revisão… No mínimo é possível se organizar melhor. Cada rito do Scrum traz um valor agregado importante:

  • Planning: organização, priorização e planejamento;
  • Daily: checagem da progressão do trabalho;
  • Retrospectiva: adaptação no processo de trabalho;
  • Revisão: adaptação do produto que está sendo construído;

Quebre seu projeto em Sprint’s: ter entregas menores melhora muito a percepção de qualidade e evolução do projeto, ajuda a equipe a perceber mais rápido erros e acertos no desenvolvimento e se ajustar antecipadamente;

Dê visibilidade do trabalho: com um software ou papel na parede, não importa, ter de forma visível o trabalho que está sendo feito traz transparência e compromisso para todos, deixa os entraves e atrasos aparentes para que todos possam pensar em como resolver o problema;

É sempre bom lembrar que não existe formula mágica e o Scrum, não por acaso, faz questão de não se intitular uma metodologia e sim como um framework.

Toda empresa pode e deve saber tirar o melhor desta ou qualquer outra referência e criar um processo próprio e que melhor atenda suas necessidades. Após começar, temos que saber a hora de mudar e adaptar o processo, uma vez que os ritos trarão para mesa percepções e discussões antes obscuras, já que, naturalmente, a equipe amadurecerá e contribuirá mais.

Busque novas dinâmicas para as reuniões, incentive a equipe a trazer os problemas de forma transparente (sem punições ou brigas improdutivas). Priorize a colaboração para resolver o que está errado e motive todos para continuar fazendo o que está certo. Podemos perceber então que o escopo fechado não é um impeditivo para utilizarmos métodos ágeis no desenvolvimento de software, e os ganhos na qualidade do produto final, amadurecimento da equipe, produtividade e colaboração são suficientes para justificar uma nova abordagem para sua empresa.

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